Flora Gomes e Sana Na N’Hada procuram financiamento para documentário sobre Amílcar Cabral e a luta de libertação
11 de Abril de 2024
Os dois realizadores guineenses iniciaram uma campanha de angariação de fundos que visa financiar um documentário sobre Amílcar Cabral e a guerra de independência na Guiné-Bissau.
Flora Gomes estudou cinema em Cuba, no Instituto Cubano de Artes e Indústria Cinematográfica – ICAIC (1967-1972), sob os ensinamentos de Santiago Álvarez Román; e em Dakar, na Televisão Senegalesa (1972-1973), sob orientação de uma grande referência do cinema africano, Paulin Soumanou Vieyra. Iniciou a sua carreira cinematográfica ao lado de Sana Na N’Hada, co-realizando, com este, duas curtas-metragens: O regresso de Cabral (1976) e Anos no oça luta (1976). Sana Na N’Hada estudou, igualmente, cinema em Cuba e em Dakar, filmou a guerrilha do PAIGC e foi director no Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual da Guiné-Bissau. Tem, ao longo da sua carreira, procurado resgatar e arquivar as imagens da luta de libertação.
Hoje, os dois realizadores procuram financiamento para finalizar um pedido de Amílcar Cabral, na década de 1960, de documentação do processo de luta pela independência na Guiné-Bissau.
Na página de angariação de fundos pode ler-se:
“Há mais de cinquenta anos, o líder da libertação africana Amílcar Cabral confiou a um grupo de quatro jovens cineastas guineenses de Bissau a tarefa de documentar a guerra de independência do país da África Ocidental. Mas antes que pudessem terminar o seu filme, Cabral foi assassinado. Agora, Flora Gomes e Sanha Na N’hada – os dois membros sobreviventes do grupo original – esperam finalmente terminar o seu documentário sobre Cabral, a luta pela independência e o custo da ocupação. Ajude a contribuir para os seus esforços para terminar este importante filme sobre um lendário revolucionário.
Sinopse do filme: Este filme combina documentário e ficção para contar a história do revolucionário da África Ocidental Amílcar Cabral, e como ele preparou e liderou a luta pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde na África Ocidental. A sua luta popular e a sua vitória sobre a potência colonial portuguesa nos anos 60-70 contribuíram também decisivamente para o derrube da ditadura que governava Portugal na mesma altura.
Contexto: Apesar de Amílcar Cabral ser um revolucionário que liderou a guerra de independência de dois pequenos países da África Ocidental, o seu talento político e a sua resistência estratégica encerram lições de libertação para todo o mundo. No início da luta pela independência, nos anos 60, Cabral confiou a um grupo de jovens guineenses a tarefa de documentar e, eventualmente, contar através do cinema esta história única e valiosa de lições de libertação. Enviou esses jovens para Cuba para aprenderem a fazer filmes enquanto a luta estava a ser travada.
Depois da formação, e quando a guerra ainda estava a decorrer, Cabral disse aos jovens para começarem a sua importante documentação cinematográfica da luta. Depois do trabalho, planeou encontrar-se com eles no final desse ano e montar o filme que contaria a história da vitória do seu pequeno país sobre a opressão colonial. Mas o assassinato de Cabral meses antes do encontro marcado fez com que o filme nunca se realizasse. Cinquenta anos depois, os realizadores – agora décadas mais velhos do que o seu herói era quando foi morto – esperam finalmente contar a história que Cabral lhes confiou há tantos anos.”
Para apoiar o projecto de Flora Gomes e Sana Na N’Hada pode aceder aqui.