Projeto Matriz Têxtil Insular quer transformar algodão em economia no Vale do Calhau e Madeiral

Introduzido após o povoamento, o algodão assumiu um papel determinante na exploração económica das ilhas durante vários séculos. Além de servir como bem para o pagamento de impostos, foi a matéria-prima do panu di terra, tecido que, entre os séculos XVI e XVIII, era utilizado como moeda de troca nas transações comerciais na costa ocidental africana. Este ciclo de riqueza entrou em declínio a partir do século XVIII.

O resgate dessa história está no cerne do projeto Neve Insular, uma iniciativa da designer Vanessa Monteiro e da investigadora Rita Rainho, em parceria com a Associação Agro-Pecuária do Madeiral e Calhau. Criado em 2018, o projeto começou como um laboratório de agroecologia, educação artística e desenvolvimento de peças de arte e design baseadas na cultura do algodão, no Vale do Madeiral e Calhau, em São Vicente.

Sete anos depois, o projeto evolui para Matriz Têxtil Insular, promovido pelo coletivo Oficina de Utopias, com o apoio e financiamento da Cooperação Portuguesa, num valor de 335 mil euros. O plano estratégico, com duração de três anos, visa garantir a sustentabilidade do projeto. O objetivo é transformar a cultura agroecológica do algodão em economia local, beneficiando mulheres e famílias do Vale do Madeiral e do Calhau, através da produção artesanal e do turismo comunitário.

A iniciativa contempla ainda a reabilitação do Centro Agroecológico do Madeiral, onde será instalado o Centro Interpretativo do Ciclo do Algodão.

O projeto decorre até 2027 e é co-promovido por Vanessa Monteiro Design, Associação Agropecuária do Calhau e Madeiral, Instituto de Investigação em Arte, Design e Sociedade da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, contando ainda com a parceria institucional do CNAD – Centro Nacional de Artesanato e Design.

Contacto: mti.neveinsular@gmail.com